La Niña pode afetar produção de grãos no estado durante o verão

Lajeado – A previsão de um verão com presença moderada do fenômeno meteorológico La Niña faz com que produtores rurais tenham ainda mais cuidado com as suas culturas. É que o La Niña influencia na redução de chuvas para o período. Por conta desta previsão, o Conselho Permanente de Meteorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs) divulgou algumas recomendações técnicas para proteger as lavouras gaúchas nos meses de janeiro, fevereiro e março.

Para o gerente regional adjunto da Emater/RS-Ascar em Lajeado, Carlos Lagemann, esta perspectiva de chuvas abaixo da média gera alguma preocupação. “Na região do Vale do Taquari temos, principalmente, culturas de milho e soja, que podem ter seus potenciais de produção prejudicados com a redução das chuvas”, explica. Segundo ele, além da previsão de chuvas abaixo da média, os meses de janeiro e março também devem ter temperaturas acima da média. “Com os dias mais longos neste período, é uma tendência de evaporação maior e as culturas podem sentir”, descreve.

A preocupação com uma possível queda na produção vai além das lavouras. “Aqui no Rio Grande do Sul, quando há uma redução na produção, toda a cadeia econômica acaba sentindo. Por isso torcemos que as previsões estejam erradas e não tenhamos problemas”, comenta Carlos.

Chuvas regulares
Conforme o gerente regional adjunto da Emater/RS-Ascar, é importante que se tenha precipitações em quantidade suficiente. “Mas ainda mais importante é que sejam chuvas regulares”, adverte. Ele explica que, no caso da cultura do milho, as lavouras cultivadas no cedo, a perda, se houver, será pequena. “Já há cerca de 30 dias começou a colheita para silagem, por exemplo. Quem já está colhendo se tiver perda será muito pequena”, frisa. Era o que fazia o agricultor Astor Dessoy (47), na tarde desta sexta-feira, em uma propriedade na região do Bairro Floresta. Atarefado, ele nem conseguiu parar conversar com a reportagem. “Hoje não tenho tempo. Preciso moer todo esse milho”, disse do alto do trator, apontando para a lavoura.

Plantio tardio
As alterações climáticas podem afetar os produtores que fizeram o plantio tardio. “Talvez o produtor que tenha efeito o plantio no segundo período, tenha alguma quebra na colheita. Mas acredito que se as chuvas forem regulares, mesmo que abaixo da média, o impacto não será tão grande”, diz Carlos Lagemann. Segundo ele, os períodos críticos para o milho ocorrem durante a floração e é preciso de chuvas regulares durante a época de enchimento de grãos. Para a soja, depois da floração, durante o enchimento dos grãos, é a fase mais delicada. No Rio Grande do Sul, apenas a soja do cedo, que já está em fase mais adiantada, já chegou neste período e representa 1% do total plantado no estado.

Umidade do solo favorece lavouras de milho
Nesta quinta-feira, a Emater/RS-Ascar divulgou o Informativo Conjuntural. De acordo com o documento, as lavouras de milho no estado foram beneficiadas com o retorno da umidade no solo no último período. Com isso, acabaram recuperando em muitas áreas seu potencial produtivo. A fase de desenvolvimento vegetativo está em 21%. Parte da cultura implantada no cedo já está sendo colhida, atingindo 7% da área estimada. O restante da cultura, cerca de 60%, avança para a maturação final, atingindo 12%. As áreas semeadas no final de setembro, o potencial produtivo poderá ter pequena redução, já sentindo reflexos da atuação do La Niña.

Soja em desenvolvimento
Ainda segundo o Informativo Conjuntural, as lavouras de sojas estão na fase de desenvolvimento vegetativo em 84% da área cultivada. Outros 155 já atingiram a floração e 1%, nas áreas mais adiantadas, a cultura já está em enchimento de grãos. Não há ocorrências de fungos no solo e os agricultores estão aplicando fungicidas e inseticidas químicos. Em algumas áreas se percebe lavouras com dificuldade no controle de invasoras, pois no momento correto de aplicação de herbicidas não havia condições meteorológicas adequadas.

Arroz requer cuidados
A fase de implantação das lavouras de arroz no Rio Grande do Sul está encerrada. O momento é, predominantemente, de desenvolvimento vegetativo. As áreas com semeadura de sementes pré-germinadas já receberam adubação nitrogenada e irrigação. Nesta safra, os produtores devem estar mais atentos para o manejo da irrigação. É que com a indicação do fenômeno La Niña, mesmo que moderado, será necessário movimentar o mínimo possível a água nos quadros e manter uma lâmina mais baixa para poupar água.

Feijão evoluindo
A lavoura de feijão 1ª safra, em geral, está evoluindo rapidamente para as fases de maturação e colheita. O potencial produtivo é considerado de regular a bom, apresentando boa qualidade dos grãos. No decorrer dos anos, o perfil dos produtores de feijão de primeira safra vem se modificando. Cultivado em pequenas áreas pela agricultura familiar, percebe-se que o plantio desta cultura atualmente aumenta em áreas mecanizadas e entre produtores empresariais.

Diversos
O documento da Emater/RS-Ascar indica que houve boa recuperação das olerícolas em geral, principalmente as cultivadas a campo sem sistemas de irrigação. Culturas com áreas maiores, como melancia, morangas, aipim e milho verde, também recuperam o crescimento e o desenvolvimento após o período de déficit hídrico de dezembro.

A cultura da cebola encontra-se no estágio de colheita e comercialização na região Sul.

Na Serra, mais um período tranquilo e favorável para o desenvolvimento, maturação e manutenção da sanidade das plantas e das frutas. As condições climáticas com precipitações espaçadas, presença de vento, dias com bastante insolação e temperaturas médias para a época configuraram o panorama propício para a viticultura.

As condições de produção da pecuária de corte estão satisfatórias para a época, com boa condição corporal e ótimo desenvolvimento dos terneiros desta temporada. O clima tem ajudado a produção de forragem das pastagens naturais.

Atualmente, o rebanho leiteiro é manejado em pastoreio de espécies perenes (tífton 85, jiggs, capim elefante e braquiárias melhoradas), as quais apresentam menor custo de produção ao agricultor, além de serem forrageiras de excelente qualidade nutricional. Em complemento à grande necessidade de alimentação, os produtores fazem uso também de pastagens anuais, como capim sudão, sorgo e milheto. Neste período intensificam-se os trabalhos de realização de silagem, insumo de grande importância na atividade, pois garante complementação na dieta do rebanho ao longo do ano, sendo também aliado do produtor em momentos de retração ou falta de forragem.

Fonte: O Informativo

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